Monday, December 30, 2013

Soltando o laço


Há presentes que nos marcam mas chega uma hora que é o momento de passá-los adiante. Foi muito amado e por isso mesmo o repasse foi feito com olhos relaxados. Esta dádiva não me deu coice nem manotada: só alegrias. E agora sem saber a mão final onde vai parar fico com ela aqui preservada. Eu o chamei de Júnior, esse potro crescido, e a moldura de seu corpo visto de perfil em várias posições:
andando de lado, empinado, no trote, no passo e no galope. O pasto é vasto e fui seu bom montador. Agora vai pro mundo, amigo, com boas passadas.

A bela influência de ler

Os planos de uso deste novo presente incluem uma obra recém-adquirida. Da embalagem pularam estas sobrancelhas de livro. Este também foi dado por uma amada parente mirim. Não foram feitos teste no papel do novo livro. Desta forma o marcador de livro pode ser candidato a se espantar com o número de livros porque passará apenas para teste e as sobrancelhas ficarão certamente ar-que-a-das vendo que o teste nunca acaba.

Lacre rompido - imagine os próximos lances da fome do autor

Na noite escura, boca, língua e dentes brilharam: viram a embalagem dentro da embalagem e também, em conluio com os dedos trabalharam para romper o papel e ali uma intocada e magra barra de chocolate nua e acidentada foi tocada, lambida, mordida e engolida cumprindo sua sina de ser comestível. Presente de um parente querido em tenra idade que nada soube do momento do ato. Reside aqui, o invólucro maior, a única prova do que um dia foi a heroína que escapou da vassoura-de-bruxa mas acabou no estômago mais escuro do que a noite.